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Variantes do SARS-CoV-2


Para começar, precisamos explicar que os vírus no geral sofrem mutações em seu material genético com muita facilidade porque eles não possuem mecanismos de detecção de erros eficientes durante sua replicação. Assim é comum que durante a produção de cópias dos mesmos ocorra a deleção ou substituição de bases nitrogenadas presentes neste material e a mutação acaba sendo incorporada. É o que acontece com o SARS-CoV-2. Em seu caso as mutações se acumulam no RNA de fita simples que carrega as informações.

Como esse é um processo que ocorre com frequência devido ao alto poder de replicação do vírus, muitas dessas mutações são de pouca relevância, pois não causam alterações de grande valor a esse microorganismo. No entanto, outras podem ser poderosas, aumentando sua capacidade de transmissão e entrada nas células, ou até mesmo oferecendo um mecanismo de escape às respostas imunes do hospedeiro. Estas são consideradas mudanças que conferem uma vantagem no poder de ação do vírus, e acabam se perpetuando com facilidade sendo transmitida para as gerações futuras.

Por exemplo, mutações que ocorrem na proteína S podem alterar sua estrutura de modo que ocorra uma melhor interação com o receptor ACE2, tornando mais fácil a entrada do vírus nas células do hospedeiro.

Assim, surgem as diferentes variantes, que são o foco do nosso post hoje, elas são denominadas assim por serem distintas do SARS-CoV-2 original em alguns aspectos, e ao passar do tempo com sua disseminação, se agrupam no que podemos chamar de diferentes linhagens. Desde o início da pandemia pelo SARS-CoV-2 diversas linhagens surgiram, mas até agora cinco delas são as que trazem mais preocupações aos cientistas.

A primeira que podemos citar apareceu no Reino Unido, em dezembro de 2020, é denominada B.1.1.7 e contém 17 mutações, dentre elas 6 na proteína S. Essas mutações estão relacionadas com uma maior transmissibilidade do vírus.

Em segundo lugar temos a B.1.351, descoberta na África do Sul em meados de outubro de 2020 que apresenta 9 mutações, sendo 6 na proteína S, que conferem um escape à ação dos anticorpos. Além disso, indivíduos infectados possuem mais vírus no organismo, algo que pode acarretar numa transmissão mais fácil.

Em terceiro temos a P.1, detectada em Manaus, novembro do ano passado, a qual apresenta 16 mutações, nove na proteína S, que também estão relacionadas com maior transmissibilidade do vírus e escape da ação dos anticorpos. Cabe ressaltar que nos últimos dias a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro identificou uma nova variante em território fluminense, denominada P.1.2, cujo impacto na transmissão e escape da resposta imune ainda não é totalmente conhecido.

Por último, a variante B.1.617 que surgiu recentemente na Índia e contém 13 mutações ao todo, sendo 7 na proteína S que também estão sendo relacionadas com aumento da transmissibilidade e evasão das respostas imunes.

As pesquisas atuais trabalham para descobrir se as vacinas atuantes no mercado são capazes de proteger também contra estas variantes, afinal elas foram construídas baseando-se no vírus original. Trabalhos recentes mostram que a resposta imune celular induzida pela vacinação parece atuar também contra a maioria das variantes atuais. No entanto, ainda são necessários muitos estudos para entendermos a duração e cobertura dessa proteção.

Portanto, é mais do que necessário continuar com os cuidados já conhecidos (distanciamento social, uso de máscaras, higiene...) para evitar a disseminação do vírus, uma vez que, ao se replicar mais mutações podem ocorrer e novas características podem surgir.



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